Na lista que elaborei dos melhores discos do ano passado, incluí o dos norte americanos, Daughters, You Won't Get What You Want . Na altura o disco pareceu-me suficientemente interessante para constar do meu best of do ano, mas não me parecia um disco especial. A produção soava borrada o que estragava a sonoridade. Entretanto, mais tarde, peguei de novo no disco e comecei a vislumbrar-lhe todo o poder musical que ali habita. Os bons discos são muitas vezes assim, exigem uma relação que leva o seu tempo até se estabelecer alguma solidez, até que se compreenda minimamente o seu íntimo. Há discos bons sem grande intimidade. Mas não é este o caso. Os Daughters conseguiram uma obra notável, uma espécie de cruzamento entre os melhores Swans de Michael Gira, a depressão de Ian Curtis nos Joy Division e uma energia mais próxima do punk. Um amigo já me tinha avisado do que aqui havia e, lá está, na altura não me tinha ainda entusiasmado com a peça. Som duro, muito forte mesmo.
Um percurso em defesa da racionalidade e do humanismo