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A mostrar mensagens de maio, 2022

Arcade Fire e o estatuto do assim-assim

Nunca morri de amores pela música dos canadianos Arcade Fire. E nunca deixei de os ouvir. Quer dizer, comecei tarde, pois não liguei grande coisa a Funeral, o disco de estreia. Depois, porque alguém meu conhecido lá foi insistindo comecei a ouvir e, devagarinho comecei a gostar. Mas isto jamais aconteceu nos discos seguintes da banda. Afinal, deixou de ser uma música exigente para lhe captar os pormenores e os contornos. Ou seja, os AF são para mim uma banda assim-assim o que é suficiente para os ouvir. Já comecei lentamente a espreitar o novo disco. E já percebi que há material suficiente para que os AF continuem para mim com o estatuto de assim-assim. Mas também é verdade que estou sempre a ver quando me desiludem e tal ainda não aconteceu. Por isso “we” é o melhor disco assim-assim que ouvi deste ano até agora. 

A fruta da época (fora dela)

Como vai sendo hábito aqui apareço novamente para fazer um levantamento da criação musical dos primeiros meses do ano. E já se publicou o suficiente para fazer um   best of   anual. Vamos lá diretos ao osso.    Kae Tempest “The line is a curve”   Lembram-se de Anne Clark? Ela não cantava nem sequer se destacava pelos dotes vocais. No entanto era uma interprete de palavras como há poucas. A música era intensa e deprimida e a voz de Clark aumentava e de que maneira essa intensidade negra. É para esse universo que a música de Kae Tempest remete.  As palavras também são muitas vezes políticas e ácidas, o que nos transporta até ao universo do texto. Mas tal como no trabalho de Clark, também no de Tempest é possível apreciar a obra sem estar sempre atentos ao texto. Porque a voz também acaba por se transformar num instrumento, uma estratégia de toda a maquinaria spoken word.    Fountains D C “Skinty FIA” Este é o terceiro album dos Rimbaud, perdão, dos irlandeses Fountains DC, provavelmente