Porque acho que o rock and rol ainda tem muito para dar, este ano foi de regresso a velhas matrizes do rock. E quem sofreu foi o hip hop. Depois de algum entusiasmo inicial, pouco me restou de tempo para lhe dedicar maior atenção. As surpresas maiores chegaram da Irlanda. O tom urbano depressivo de uma Manchester, finais de setenta e inícios de oitenta regressaram, qual ressurreição de Ian Curtis. “ Dogrel ” dos jovens Fountains DC foi o disco que mais gostei de ouvir ao longo do ano. É um disco forte, com canções viciantes, cheias de poesia. Está lá o manual todo dos Joy Division que também foi o manual do Rock Rendez Vous. É assim que chega à memória aqueles lálálás meios desnorteados a funcionar como as luzinhas numa árvore de natal. Mas também há lá muito da música popular da Irlanda, talvez como o foco apontado aos Pogues do agora velhinho Shane McGoan. Desengane-se no entanto quem pense que se trata de um mero revivalismo. Diria mesmo que nem sequer há qualquer revival
Um percurso em defesa da racionalidade e do humanismo