Avançar para o conteúdo principal

Os melhores discos de 2018

Para ouvir no Spotify o meu Best Of:

Os meus melhores de 2018


De novo ( e o problema devo ser eu mesmo) 2018 não me revelou grandes surpresas musicais. Mas a verdade é que penso que tal se deve mais ao modo como nos nossos dias passei a consumir música. Se há uma década atrás ouvia menos discos e o tempo que dedicava a cada um dele permitia um envolvimento afetivo com cada peça consumida, hoje em dia disponho de uma discografia que nem todo o tempo que me resta de vida se eu vivesse até aos 100 anos me daria para consumir. Por isso não estranho que o Spotify tenha indicado uma canção de Father John Misty como a canção que mais rodou no meu Spotify em 2018. E está longe de ser uma canção deslumbrante, apesar de ser bastante boa. A explicação é simples: trata-se de um algoritmo a funcionar. Provavelmente ouvi essa melodia fácil durante algumas semanas e pela manhã enquanto me vestia ou conduzia para o trabalho. Mas está longe de ser a melhor composição que ouvi em 2018. Por outro lado hoje em dia fazer uma lista é ao mesmo tempo reconhecer que muita coisa fica de fora. Antes também acontecia isso, mas não dispúnhamos dos meios de difusão musical de que hoje em dia dispomos. . Por isso a lista best of 2018 não é (à semelhança do que fui escrevendo nos últimos 3 ou 4 anos) a lista dos melhores discos de 2018, mas apenas daqueles que fui ouvindo e que creio merecerem um qualquer destaque. E ao mesmo tempo serve de sugestão de descoberta para os meus amigos do Facebook, uma espécie de filtro para quem me reconhece algum talento para discernir entre o bom e o medíocre ou pelo menos, menos bom. Na verdade há décadas que faço listas dos melhores do ano (provavelmente desde os meus 15 ou 16 anos) e confesso que antigamente, com menos difusão mas mais tempo para consumir e me agarrar a cada peça, era sempre mais fácil eleger 10 discos como os melhores do ano. Hoje é mais difícil, mas prefiro de longe a experiência dos nossos dias pois, afinal, no final da década de 80 e toda a de 90 do sáculo passado, o que eu mais desejava era ter acesso à informação, que era apenas dada pelo semanário Blitz e nas semanas culturais da escola em que havia sempre um professor que se lembrava de expor um ou outro número do Melody Maker e New Musical Express. A realidade mudou e com ela a minha forma de escutar os discos. Mas mantenho-me fiel a ouvir pelo menos uma vez completo cada disco aqui mencionado. Se eu vivesse no continente provavelmente não faria listas dos melhores discos do ano, mas listas dos melhores concertos que vi durante o ano. Uma nota final: de todos, provavelmente os Superorganism fizeram o disco que mais me agradou, pelo conceito e pela interessante ideia de composição das canções. E muito provavelmente pela primeira vez o Hip Hop entra em força na minha lista. 48 rodelas para conhecer. 

1. Superorganism “Superorganism”
2. Anna Calvi “Hunter”
3. The Blaze “dancehall”
4. Dead Can Dance “Dionysus”
5. Drake “Scorpian”
6. Father John Misty “God`s favorite customer”
7. Fucked UP “dose your dreams”
8. IDLES “joy as an act of resistence”
9. Interpol “Marauder”
10. Marc Ribot “songs of resistence”
11. NAS “nasir”
12. Parquet Courts “wide awake!”
13. Swamp Dogg “love, loss, and
14. Viagra Boys “Street worms”
15. Warmduscher “whale city”
16. Wim Mertens “that which is not”
17. Anne Malin “fog area”
18. Toby Driver “they are the shield”
19. Stern “missive”
20. Street Sects “the kicking mule”
21. Shinichi atobe “heat”
22. Armand Hammer “paraffin”’
23. Shame “songs of praise”
24. Aphex Twin collapse EP”
25. Deena Abdelwashed “khonnar”
26. Gazelle Twin “Pastorale”
27. The Saxophones “songs of saxophones”
28. Sons of Kemet “your queen is a reptile”
29. Joshua Redman “still dreaming”
30. Andrew Cyrille “lebroba”
31. Makaya McCraven “Universal Beings”
32. The Limiñanas “shadow people”
33. Daniel Knox “chasescene”
34. Amen Dunes “freedom”
35. Deng Deng Deng “semillero”
36. Fountain DC (os 4 ep`s lançados em 2018)
37. Grouper “grid of points”
38. Kamasi Washington “heaven and earth”
39. 
Laurie Anderson & Kronus Quartet “landfall”
40. Low “double negative”
41. Nils Frahm “all melody”
42. Primal Scream “Don’t give up… original Memphis Recordings”
43. Prince “Piano & a mocrophone 1983”
44. Spiritualized “and nothing hurt”
45. Young Fathers “cocoa sugar”
46. John Coltrane “both directions at once: the lost album”
47. Daughters “you wont get what you want”
48. Stephen Malkmus & The Jicks “sparkle hard”

Comentários

Mensagens populares deste blogue

2024 – os meus melhores discos

E eis que nos preparamos para virar mais uma página no calendário anual da música. Podemos fazer listas de tudo, do ano, da década, do semestre. E eu faço mesmo listas de tudo. Mas o ano é um bom marco, talvez até porque a organização das nossas vidas se faz bastante bem de modo anual. E por isso confesso que começo a pensar nesta lista logo em Janeiro, isto para não deixar escapar algum disco para mim relevante, mas que se esqueceu por ter sido publicado nos primeiros meses do ano. Houve tempos em que eu publicava a lista dos melhores do ano. E agora? Acontece que é bastante injusto publicar uma lista dos melhores, até porque os discos que ouvi este ano podem não ser os melhores e muitos melhores terem-me passado ao lado. Por isso passei há uns anos a usar um critério: fazer a lista dos discos que de um modo ou de outro gostei e que foram os que mais companhia me fizeram, ou os que me soaram como mais ousados e criativos. Ocorre que ouço muitos discos que nem sequer aparecem na lista ...

O mundo está a desabar. Mas a festa continua. Senhores e senhoras, meninos e meninas, bem vindos ao circo!

Este bem que podia ser o mote artístico para o regresso com mais uma peça de análise social a partir dos sons e da enciclopédia mesmo ali à mão de Kubik, o projeto sonoro e artístico de Victor Afonso, com sede na cidade da Guarda. Neste novo disco, tal como em todos os registos anteriores, há um lastro enorme de imagens sacadas ao cinema. Em sentido figurativo, claro. Mas a arte da samplagem parece ir mais às feiras do cinema do que dos livros ou dos discos, ainda que estas também não fiquem de fora da visita deste  novíssimo Circus Mundi Decadens . E antes que me esqueça: a capa do disco reflete copiosamente o seu conteúdo, ou pelo menos o título do disco. Há um palhaço que continua a festejar dentro de uma banheira mesmo ao lado do precipício onde dá azo à sua arte. O disco é todo ele assim. Bem, todo? Ok, há aqui elementos que são registos claramente biográficos, mais percetíveis para quem, como eu, conhece desde sempre o percurso do Victor. Esses elementos são audíveis na enorm...

Até que ponto NIck Cave é um criador único

  Valerá a pena comparar a vida de um artista com a sua obra? Em todos os estilos musicais, mais ou menos eruditos, aparecem artistas em que a sua vida se confunde com a sua obra. Na indústria pop muitas vezes acontece que a vida do artista acaba por ser mais relevante que a sua obra. É verdade que nos anos mais recentes Nick Cave se expõe como nunca, dando entrevistas, publicando livros de entrevistas, nas redes sociais, nos festivais internacionais de música, nos programas de TV, etc. Nick Cave passa a vida a falar de si e os media tem adorado essa exposição. Segue-se que umas boas doses de críticas a cada novo disco acabam por se centrar mais na sua vida do que na sua obra musical. Mas a certo ponto faz sentido que assim seja, pois, a obra de Cave é mesmo um reflexo direto, confirmado pelo próprio, das suas vivências, das suas relações com o mundo espiritual e material, da perda dos dois filhos, da dor e da redenção, da felicidade e da fé. A música aparece assim como o corolário...