Jason Brennan em Contra a democracia (ed. Portuguesa da Gradiva) categoriza o comportamento político nas democracias contemporâneas. Claro que as categorias podiam ser outras, uma opção sempre em aberto. Segundo Brennan, há 3 principais tipos de comportamentos: os Hobbits, Hooligans e Vulcano. Os primeiros, os Hobbits são, resumidamente, os politicamente ignorantes. Os segundos são informados, mas seguem a cartilha e são incapazes de sair fora dela. Os vulcanos são capazes de pensar a política com as ferramentas da ciência e do pensamento crítico. E segundo Brennan apenas os últimos são capazes de uma avaliação política racional. São este tipo de eleitores, os Vulcano, que votam conscientemente e de maneira prudente e racional. Claro que esta divisão serve para Brennan mostrar o seu principal argumento, o de que é profundamente errado que os Vulcano estejam à mercê dos votos ignorantes tanto dos Hobbits como dos Hooligans e, em via disso, defende Brennan que nem todos deveriam ter direito ao voto uma vez que colocar ignorantes a votar é sujeitar as pessoas politicamente responsáveis a decisões arbitrárias. Esta ideia é velha e vem desde, pelo menos, a República de Platão. Neste livro o filósofo grego defende que a democracia não funciona corretamente se os ignorantes tomarem decisões políticas. Claro que existem muitos e bons argumentos contra esta ideia. Mas não deixa de ser pertinente pois hoje em dia assistimos a campanhas e debates políticos que mais não são do que desprezo claro pela inteligência, civilidade e capacidade racional de argumentar, isto porque este público é minoritário. E assim a vida política vai-se fazendo com abstenção, inorância, espetáculo e decisões claramente absurdas como o Brexit ou a eleição de Trumps ou Bolsonaros, que são a expressão direta da ignorância política. Mas infelizmente o comboio anda lento, pois no que toca a política ( e ao muitas vezes seu aliado futebol) até pessoas racionais se revelam claramente irracionais, posicionando-se em campo de batalha munidos de arsenal bélico, quando a política e a democracia se constrói com liberdade e não fechamento mental e vazio.
Este ano ouvi muitos e bons discos. Mas a minha lista é talvez aquela que nos últimos anos mais discos com grande expressão comercial inclui. Talvez isto se entenda se ao mesmo tempo eu fizer o exercício de sempre, o de tentar explicar os critérios subjacentes às escolhas dos melhores discos do ano. Há um critério que mantenho firme. Mesmo não sendo os melhores discos, alguns dos que aqui incluo acabaram por ser aqueles que mais ouvi. Provavelmente se eu comprasse a Wire mensalmente os filtros seriam outros e se tivesse mais tempo dedicado também faria outras escolhas. Contudo os discos que escolhi procurei que fossem mesmo bons. Mas há aqui outro fator que acabou por influenciar. Ouvi alguns discos em vinil, isto porque 2023 foi o ano que completei meio século e a minha família ofereceu-me um gira-discos, aparelho que já não tinha nem usava há muitos anos. E alguns dos discos foram mesmo aqueles que encontrei quando fui à única loja que vende discos de vinil (que eu conheça) na cidade
Comentários
Enviar um comentário