Há pouco tempo abriu uma loja da marca de streetwear norte americana Vans num dos shoppings da ilha da Madeira. Entrei na loja e estava a rodar uma música dos Stooges. Pelo meio ouvi PIL, Sex Pistols, Stones dos mais antigos e outras coisas mais bem interessantes. Uma das funcionárias da loja perguntou-me se precisava de alguma ajuda, ao que respondi que não ia comprar nada, estava apenas a ver pois gostava da marca e do que lhe está associado. Conversamos um pouco e acabei por conhecer mais um bocado da história da marca norte americana. Mas o que retive e que interessa para este post foi esta explicação. Disse então a minha interlocutora: as marcas impõem a moda às pessoas. As pessoas compram o que a indústria quer que as pessoas comprem. A Vans já passou por momentos difíceis, mas é uma marca que se distingue pois não impõe às pessoas o que a marca quer vender, mas vai buscar às pessoas inspiração para os seus modelos. Exato! É mesmo isto que me faz gostar da marca que é claramente inspirada na cultura dos miúdos nas ruas das cidades norte americanas, com associações óbvias ao skate e ao punk. Mas também é um pouco isto que me interessa nas marcas, que é a associação a movimentos contra cultura. E se hoje em dia são mainstream, não são marcas (a Vans não é a única neste modelo) que tenham surgido para serem mainstream, mas estão sempre associadas a um modo de estar, de viver e de sentir a cidade e a sociedade. Estarão todas, dirão! Em certo sentido sim. Só que marcas como a Vans estão para além dos impulsos capitalistas. E por isso (já entrei umas 3 ou 4 vezes na loja) não é de todo alheio que tenha lá ouvido sempre músicas que são também elas associadas a movimentos contra cultura. Outra das marcas icónicas neste mesmo sentido são as velhas Dr Martens, hoje muito associadas a tribos juvenis e burguesas, mas outrora ligadas a movimentos contra cultura e a toa a cultura rock popularizando-se com o famoso salto de Pete Thowsend do The Who. Da minha parte, por algumas razões tenho imensas t-shirts às riscas finas e Dr Martens, assim como as conhecidas All Star. Como dizem muitas vezes os meus alunos, são tantas as t-shirts às riscas que até nos faz doer os olhos. Há uma razão para que assim seja. E não é certamente para fazer doer os olhos.
Este ano ouvi muitos e bons discos. Mas a minha lista é talvez aquela que nos últimos anos mais discos com grande expressão comercial inclui. Talvez isto se entenda se ao mesmo tempo eu fizer o exercício de sempre, o de tentar explicar os critérios subjacentes às escolhas dos melhores discos do ano. Há um critério que mantenho firme. Mesmo não sendo os melhores discos, alguns dos que aqui incluo acabaram por ser aqueles que mais ouvi. Provavelmente se eu comprasse a Wire mensalmente os filtros seriam outros e se tivesse mais tempo dedicado também faria outras escolhas. Contudo os discos que escolhi procurei que fossem mesmo bons. Mas há aqui outro fator que acabou por influenciar. Ouvi alguns discos em vinil, isto porque 2023 foi o ano que completei meio século e a minha família ofereceu-me um gira-discos, aparelho que já não tinha nem usava há muitos anos. E alguns dos discos foram mesmo aqueles que encontrei quando fui à única loja que vende discos de vinil (que eu conheça) na cidade
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