«NÓS e ELES»; uma simples formulação, mas é responsável pela esmagadora maioria das distorções cognitivas na compreensão do modo como o mundo funciona e o que ele é: os pretos e os brancos, a direita e a esquerda, os ocidentais e os orientais, os muçulmanos e os cristãos, os do FCP e os do SLB. Pensar com esta formulação distorce e acaba sempre num modelo de pensamento ignorante, fechado e distorcido. É um dos vieses cognitivo mais frequente e uma estrondosa formulação igual a um falso dilema. O mundo não é assim, não existe no mundo essa dicotomia. Mas claro que ela é popular porque é pouco exigente e satisfaz a nossa necessidade de justificação das nossas crenças. Um dos primeiros passos a dar para evitar uma distorção gigantesca como esta e para se começar a pensar criticamente é abandonar desde logo esta falsa dicotomia e deixar de pensar com ela. Esta é uma das lições mais básicas do pensamento crítico. Passem a analisar o mundo e o que nele se passa sem esta dicotomia. Depois relatem os resultados.
E eis que nos preparamos para virar mais uma página no calendário anual da música. Podemos fazer listas de tudo, do ano, da década, do semestre. E eu faço mesmo listas de tudo. Mas o ano é um bom marco, talvez até porque a organização das nossas vidas se faz bastante bem de modo anual. E por isso confesso que começo a pensar nesta lista logo em Janeiro, isto para não deixar escapar algum disco para mim relevante, mas que se esqueceu por ter sido publicado nos primeiros meses do ano. Houve tempos em que eu publicava a lista dos melhores do ano. E agora? Acontece que é bastante injusto publicar uma lista dos melhores, até porque os discos que ouvi este ano podem não ser os melhores e muitos melhores terem-me passado ao lado. Por isso passei há uns anos a usar um critério: fazer a lista dos discos que de um modo ou de outro gostei e que foram os que mais companhia me fizeram, ou os que me soaram como mais ousados e criativos. Ocorre que ouço muitos discos que nem sequer aparecem na lista ...
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