Os discos a meio do ano
No oitavo mês do ano praticamente no fim e a quatro do fim há já alguma matéria para destacar uns discos. Escolhi cinco discos que me vão preenchendo os dias de boa música. E um deles é made in Portugal. Sem ordem definida, vamos lá então ao sumário.
Pop Dell`Arte “Transgressio Global”
Transgredir fronteiras artísticas sempre foi um dos motivos da música da banda de João Peste. São um projeto com algum culto, mas sempre muito discretos em relação aos holofotes mediáticos. Este novo disco é também um dos melhores da sua longa carreira.
Einsturzende Neubauten “Alles in Allem”
Tive oportunidade de ver ao vivo umas duas ou três vezes os Neubauten. A primeira delas foi na Voz do Operário. No palco um bidão da Shell. F M Einheit fez uma atuação perfeita e os Neubauten passaram a estar sempre presentes na minha lista dos favoritos. A dizer a verdade, já lá estavam antes deste concerto. Não conheço nada que se lhes compare. Souberam passar pelo tempo sem acusar desgaste na sua criação musical.
Fountains D C “A hero`s Death”
Dogrel foi para mim o melhor disco de 2019. Estava ansioso pelo segundo disco dos irlandeses Fountains D C. Este segundo disco perdeu o espectro da música popular irlandesa, mas esse também não era, apesar de presente, o principal elemento da música da banda. Hoje em dia é muito difícil uma banda conseguir a longevidade de uns Cure ou até dos conterrâneos U2. E por isso temo que que os Fountains D C possam não chegar a publicar muitos mais discos que lhes permitam aguentar um lugar sólido na história da música popular e rock. Mas enquanto dura é muito bom e este segundo capítulo não me desiludiu.
Porridge Radio “Every Bad”
Conheci os (ou as) PR por este disco. Na verdade não conhecia a sua música, apesar de terem pelo menos mais um disco de 2016. Fui ouvi-lo e gostei mais deste “Every Bad”. Um disco pesado para os dias que correm, mas musicalmente muito bem sucedido.
Sonic Boom “All things being equal”
Os Spaceman 3 foram uma banda que tiveram para mim uma importância fundamental. Ouvi-os com uns 15 ou 16 anos e na altura tiveram o mais elevado impacto estético. Com os Spaceman 3 eu senti-me, pela primeira vez talvez, um verdadeiro cosmopolita. Foi a música deles que me arrancou da pacata visão da vida que se consegue ter numa pequena vila a escassos quilómetros da cidade do Porto. Conheci-os quase por acaso. Ou nem tanto. Corria às sextas feiras da escola para apanhar um programa que durava uns 25 minutos e que se chamava Rock in The UK. Esse programa, que pouco durou, o programa da Antena 3 de Sofia Alves, Sete Mares, o Som da Frente do António Sérgio e o Jornal Blitz, eram as minhas fontes musicais. Não durou muito tempo até ter percebido que os Spaceman 3 eram resultado perfeito dos Suicide de Alan Vega e Martin Rev e dos Velvet Underground. Mas sempre gostei deles, embora o Recurring não me tenha satisfeito de todo. Graças aos Spiritualized que são de exceção, lá fui seguindo a carreira dos ex Spaceman 3. E ouvi as pesquisas sonoras intragáveis de Sonic Boom. É o resultado dessa evolução que está presente neste disco dele, que agora vive em Portugal. Não é um disco perfeito nem sequer excelente. Mas é, para mim, o resultado de um percurso que também fiz com estes músicos e por isso ouvi-o com grande satisfação.
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