1. Gilla Band “Most Normal”
2. Moore Mother “Jazz Codes”
3. Fountains D C “Skinty Fia”
4. Soul Glo “Diaspora Problems”
5. Surma “Alla”
6. Brian Eno “Forever and ever no more”
7. Little Simz “Sometines I Might be Introvert”
8. Carl Stone “Wat dong moon lek”
9. DITZ “The great regression”
10. Beach House “Once twice melody”
11. Kendrick Lamar “Mr Morale & the big Steppers”
12. The Oh Sees “A foul form”
E a injustiça de 2021: Turnstile “glow on”. Conheci este disco por causa do festival Paredes de Coura. E é um disco rock ao melhor nível que me escapou em 2021. Ouvi-o intensamente no verão de 2022 e ainda bem que o recuperei, pois é um disco com a melhor pujança rock and rol de 21, certamente.
Ainda uma menção honrosa à canção “The moods that i get in”, incluída no disco “I`m not sorry...” de King Hannah. A canção é um momento elevado do disco, muito acima de todas as outras. Uma canção de country blues arrastado, em slowcore de uma densidade quase ao nível de um “highway 5”, a canção mestre do álbum enorme “California” dos American Music Club.
Escolhi 12 rodelas para a primeira parte que correspondem, como já referi, aos meus preferidos. Tenho sempre maior cuidado nestas primeiras escolhas e confesso que o nº1 foi muito dividido entre dois discos que pouco têm em comum entre si, o dos Gilla Band e o dos Moore Mother. Mas na verdade são os dois discos que mais apreciei este ano. O primeiro é a descendência dos Girl band e é uma descarga de rock experimental com uma intensidade muito incomum em discos rock. Não é certamente um disco dirigido a facilitismo. É exigente, mas muito bem pormenorizado. Não precisei de uma segunda audição para perceber o estouro que ali estava. É com discos destes que continuo a ouvir os desenlaces dos idos anos dourados do punk convertido a new wave. E mais uma vez é uma banda irlandesa a povoar o meu primeiro lugar no top. Já o meu gosto pelos Moore Mother não aparece com este novo disco. Coloco-os ao nível dos extintos The Golden Palominos, alguém se lembra? Claro que aqui com a negritude como pano de fundo. Mas o disco, “jazz codes” é muito bem construído e polido. Ao contrário do que aconteceu com os Gilla Band só descobri verdadeiramente este disco quando coloquei os meus Airpods Pro, ativei o cancelamento de ruído e mergulhei em cada pedaço e recorte deste disco. Que bom que ele é... negro, profundo, hip hop e jazz espacial e spoken word
Se não me engano há quase 3 anos seguidos que na minha lista aparece um disco dos irlandeses Fountains D C para mim, uma das melhores e mais entusiasmantes bandas da atualidade. Pelo menos em 2019, 2020 e, agora, em 2022. E não baixaram a fasquia neste último trabalho. Está distante do tom punk misturado com os Pogues de Shane McGowan a que soava Drogel, mas estão com mais personalidade. É uma banda que praticamente nasceu com os anos da pandemia e creio que isso afetou o modo como trabalham as canções que estão cheias de referências literárias. Para mim os Fountains são já a consolidação do rejuvenescimento do rock irlandês. Já os seus conterrâneos Murder Capital que também prometeram muito no primeiro disco desagradaram-me nos novos singles que são já a janela para o próximo longa duração.
Será que se eu disser que os Soul Glo chegam de Filadélfia é suficiente para se perceber que música fazem? Creio que não. Mas há lá algo que conheço de muitas bandas daquelas paragens, o tom explosivo. Os Soul Glo são um trio e praticam punk rock enérgico, mas nada que se aproxime do mais primário. Mas aqui encontramos também turnstile e hip-hop por vezes a fazer lembrar a fase mais punk dos Beastie Boys, com muito rock e muito beat. Mas fizeram aqui um disco que tem tanto de curto, como direto e brutal. “Alla” é o regresso da portuguesa Surma. Há discos que fazem lembrar outros porque são demasiados encostados à mesma estética e outros que trazem à memória outros, mesmo que tal não belisque a originalidade. E “alla” é um disco que por vezes me faz lembrar os melhores momentos dos islandeses Múm. Mas apenas por momentos, pois, como disse, tal não melindra a originalidade desta artista portuguesa. O disco está muito bem conseguido, com direito a dança hipnótica e underground em “huvasti”. A cereja no topo do bolo é que merecia o vinil apenas pela capa que é também ela um ponto alto de toda a obra. Já o disco do Brian Eno é uma surpresa. Discos de Brian Eno são muitos e alguns deles são apenas mais um pedaço do anterior. Creio que é daqueles artistas e engenheiros do som que podemos passar anos sem perceber onde é que ele anda e por vezes até anda na produção dos discos que ouvimos. Assim foi apenas por curiosidade que, na falta de melhor, fui ouvir o disco dele. Claro que toda a estética de música ambiente está ali presente. Mas acrescenta-lhe algo de canções, lentas, arrastadas e melancólicas com várias vocalizações. Gostei do resultado e pode figurar na minha lista dos melhores. Recordo de ter incluído o disco de 2019 “Grey área” da Little Simz na minha lista dos melhores do ano em que foi publicado. E algumas pessoas disseram-me que o disco é apenas assim-assim. Ora, volvidos uns anitos e Little Simz já se consagrou como uma das vozes mais presentes e inovadoras de afro, triphop inglesa. Este novo pedaço persegue as batidas fortes sobre uma voz potente o que acaba por transmitir um ambiente empolgante. Carl Stone já anda aí há muitos anos e honestamente nunca me tinha dado conta do trabalho dele. Pois, mas devia. Isto porque é no corte e costura um verdadeiro criativo. Os temas são uma amálgama imensa de samples, mas que resultam em canções com princípio, meio e fim. O disco é divertido, curioso e saboroso. Os DITZ são rock ácido e bem duro. Chegam de Inglaterra e pertencem a esta nova vaga de bandas com muita qualidade que têm nos Idles o caso de maior sucesso. Ainda lhes falta algo dos Idles para se tornarem maiores, mas talvez tal não tenha musicalmente interesse. Um disco bem durinho de se ouvir.
Os Beach House são aquilo que resta do melhor shoegaze. São canções etéreas, com guitarras distorcidas, uma voz doce e uma boa dose de dramatismo. Um disco bonito como nos tem habituado com um bom punhado de belas melodias.
Segue o restante dos melhores que fui escutando ao longo do ano:
13. Life “north east coastral town”
14. Yard Act “The overload”
15. King Hannah “i`m not sorry, I was just being me”
16. Crows “garden of England”
17. Bjork “fossora”
18. Interpol “the other side of make belief”
19. Spiritualized “every this is beautifull”
20. Arcade Fire “we”
21. Porridge Radio “waterslide, dining board…”
22. Superorganism “world wide pop”
23. DryCleaning “stumpwork”
24. Codeíne “Dessau”
25. TV Priest “my other people”
26. The Black Angels “wilderness of mirrors”
27. Black Midi “hellfire”
28. Arctic Monkeys “the car”
29. Benjamin Clementine “and I have been”
30. Hildur G./C. Blanchett/S. Kauer “tár”
31. Panda Bear/Sonic Boom “reset”
32. Pascal Comelade “le non-sens du rythm”
33. Max Richter “the new four seasons”
34. Perfume Genius “ugly season”
35. Dehd “blue skies”
36. Wet Leg “s/t”
37. Helms Alee “keep this be the way”
38. Sault “today and tomorrow”
39. Home Counties “in a middle English town”
40. The Smile “a light for attracting attention”
41. Just Mustard “heart under”
42. Gongotronics International “where`s the one”
43. Chat Pile “god`s country”
44. Stromae “multitude”
45. Kae Tempest “the line is a curve”
46. Billy Woods “aethiops”
47. Black Country New Road “Ants from up there”
48. Denzel Curry “ melt my eyez see your future”
49. Danger Mouse “Cheat codes”
50. Father John Misty “Chloe and the next 20th century”
51. Sharon Van Etten “we`re been going about this all wrong”
52. Alt J “the dream”
53. Wim Mertens “heroides”
54. Black Swane Lane “blind”
55. Ashenspire “hostil architecture”
56. Hard Rubber Orchestra “Iguana”
57. Lisbon Poetry Orchestra “os surrealistas”
58. DeathCrash “return”
59. Lucrecia Dalt “Ay!”
60. SnakeChain “s/t”
Nota: como em todos os anos, irei descobrir outros discos que ainda não ouvi este ano e também não inclui todos os que ouvi nesta lista. Nela constam apenas os discos que mais tempo me retiveram para os ouvir.
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