De quase tudo o que emitimos opinião, pouco sabemos. Se aceitarmos esse ímpeto racional da douta ignorância será tal uma boa razão para nos mantermos caladinhos? Vamos a alguns exemplos. Falamos de política e pouco conhecemos os bastidores da política. Falamos de educação e pouco sabemos do assunto. E é assim com quase tudo, incluindo, algumas zonas da nossa especialidade. Haverá algum medidor que nos indique a partir do ponto é que podemos falar de um assunto com alguma propriedade? Hans Rosling no seu fabuloso Factfulness dá-nos uma boa pista: devemos sempre procurar basear as nossas posições em dados. Um exemplo. A seguir à pandemia não faltaram vozes a dizer que os alunos tinham regredido anos a fio em termos cognitivos. Mas em que dados se apoiavam essas pessoas, muitas delas professores, para validar tal posição? A resposta óbvia é: em nenhuns. Não houve qualquer estudo revisto que nos pudesse dar essa indicação. Era mera especulação. E como qualquer especulação, pode até acertar. Mas não acerta porque seja conhecimento. Segundo a definição tradicional de conhecimento, a especulação é apenas crença. Pode até ser verdadeira. Mas e o fundamento? Zero. E o conhecimento é factivo, ou seja, não podemos acertar por mera sorte. Caso contrário eu diria que acertei no Euromilhões (se tivesse tido essa sorte) e que sabia que ia acertar. Pura e simplesmente eu não poderia saber tal coisa, pois faltava um ingrediente para que fosse conhecimento, a justificação. Ainda que a natureza da justificação seja um problema, temos de aceitar que sem crença, sem verdade e sem justificação temos apenas aquilo que as bruxas fazem, mera especulação. E é assim que militámos na nossa gigantesca ignorância. É a nossa natureza. Significa isso que devemos manter-nos calados? Não necessariamente. Talvez uma saída seja a do ceticismo moderado. Em relação à esmagadora maioria dos assuntos o ceticismo moderado significa que podemos tender mais para um lado que outro, ser mais ou menos benfiquistas, ser mais ou menos otimistas, ser mais ou menos radicais em política, etc… mas significa também que somos capazes de fazer o exercício autocrítica em vez de disparar os insultos.
De quase tudo o que emitimos opinião, pouco sabemos. Se aceitarmos esse ímpeto racional da douta ignorância será tal uma boa razão para nos mantermos caladinhos? Vamos a alguns exemplos. Falamos de política e pouco conhecemos os bastidores da política. Falamos de educação e pouco sabemos do assunto. E é assim com quase tudo, incluindo, algumas zonas da nossa especialidade. Haverá algum medidor que nos indique a partir do ponto é que podemos falar de um assunto com alguma propriedade? Hans Rosling no seu fabuloso Factfulness dá-nos uma boa pista: devemos sempre procurar basear as nossas posições em dados. Um exemplo. A seguir à pandemia não faltaram vozes a dizer que os alunos tinham regredido anos a fio em termos cognitivos. Mas em que dados se apoiavam essas pessoas, muitas delas professores, para validar tal posição? A resposta óbvia é: em nenhuns. Não houve qualquer estudo revisto que nos pudesse dar essa indicação. Era mera especulação. E como qualquer especulação, pode até acertar. Mas não acerta porque seja conhecimento. Segundo a definição tradicional de conhecimento, a especulação é apenas crença. Pode até ser verdadeira. Mas e o fundamento? Zero. E o conhecimento é factivo, ou seja, não podemos acertar por mera sorte. Caso contrário eu diria que acertei no Euromilhões (se tivesse tido essa sorte) e que sabia que ia acertar. Pura e simplesmente eu não poderia saber tal coisa, pois faltava um ingrediente para que fosse conhecimento, a justificação. Ainda que a natureza da justificação seja um problema, temos de aceitar que sem crença, sem verdade e sem justificação temos apenas aquilo que as bruxas fazem, mera especulação. E é assim que militámos na nossa gigantesca ignorância. É a nossa natureza. Significa isso que devemos manter-nos calados? Não necessariamente. Talvez uma saída seja a do ceticismo moderado. Em relação à esmagadora maioria dos assuntos o ceticismo moderado significa que podemos tender mais para um lado que outro, ser mais ou menos benfiquistas, ser mais ou menos otimistas, ser mais ou menos radicais em política, etc… mas significa também que somos capazes de fazer o exercício autocrítica em vez de disparar os insultos.
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