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Como encarar Pure Guava e a regeneração estética ao cabo de 3 décadas?

Em 1995 eu tinha 22 anos. Tinha concluído a licenciatura em filosofia e andava desiludido com o curso e o mundo. O non sense de Pure Guava dos norte americanos Ween, um disco que ali ainda guardo em vinil, assentava que nem uma luva neste estado de alma, uma espécie de chapada de humor e sátira, um gozo, um exacerbar circense, mas um espetáculo burlesco, pirado, marado. Uma festa explosiva. Neste texto misturei Heidegger, Baudelaire ou RAP (Rhythm and poetry)... Nesse tempo andava obcecado com o conceito de "regeneração estética". E foi o que tentei fazer neste texto: misturar tudo ao mesmo tempo que expressava um argumento. Escrevi muitos textos dentro desta ideia.. Volvidos 30 anos não sei como encarar esta escrita. Mas não estou desconectado da ideia

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