Em 1995 eu tinha 22 anos. Tinha concluído a licenciatura em filosofia e andava desiludido com o curso e o mundo. O non sense de Pure Guava dos norte americanos Ween, um disco que ali ainda guardo em vinil, assentava que nem uma luva neste estado de alma, uma espécie de chapada de humor e sátira, um gozo, um exacerbar circense, mas um espetáculo burlesco, pirado, marado. Uma festa explosiva. Neste texto misturei Heidegger, Baudelaire ou RAP (Rhythm and poetry)... Nesse tempo andava obcecado com o conceito de "regeneração estética". E foi o que tentei fazer neste texto: misturar tudo ao mesmo tempo que expressava um argumento. Escrevi muitos textos dentro desta ideia.. Volvidos 30 anos não sei como encarar esta escrita. Mas não estou desconectado da ideia
E eis que nos preparamos para virar mais uma página no calendário anual da música. Podemos fazer listas de tudo, do ano, da década, do semestre. E eu faço mesmo listas de tudo. Mas o ano é um bom marco, talvez até porque a organização das nossas vidas se faz bastante bem de modo anual. E por isso confesso que começo a pensar nesta lista logo em Janeiro, isto para não deixar escapar algum disco para mim relevante, mas que se esqueceu por ter sido publicado nos primeiros meses do ano. Houve tempos em que eu publicava a lista dos melhores do ano. E agora? Acontece que é bastante injusto publicar uma lista dos melhores, até porque os discos que ouvi este ano podem não ser os melhores e muitos melhores terem-me passado ao lado. Por isso passei há uns anos a usar um critério: fazer a lista dos discos que de um modo ou de outro gostei e que foram os que mais companhia me fizeram, ou os que me soaram como mais ousados e criativos. Ocorre que ouço muitos discos que nem sequer aparecem na lista ...