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Mensagens

Como encarar Pure Guava e a regeneração estética ao cabo de 3 décadas?

Em 1995 eu tinha 22 anos. Tinha concluído a licenciatura em filosofia e andava desiludido com o curso e o mundo. O non sense de Pure Guava dos norte americanos Ween, um disco que ali ainda guardo em vinil, assentava que nem uma luva neste estado de alma, uma espécie de chapada de humor e sátira, um gozo, um exacerbar circense, mas um espetáculo burlesco, pirado, marado. Uma festa explosiva. Neste texto misturei Heidegger, Baudelaire ou RAP (Rhythm and poetry)... Nesse tempo andava obcecado com o conceito de "regeneração estética". E foi o que tentei fazer neste texto: misturar tudo ao mesmo tempo que expressava um argumento. Escrevi muitos textos dentro desta ideia.. Volvidos 30 anos não sei como encarar esta escrita. Mas não estou desconectado da ideia
Mensagens recentes

2024 – os meus melhores discos

E eis que nos preparamos para virar mais uma página no calendário anual da música. Podemos fazer listas de tudo, do ano, da década, do semestre. E eu faço mesmo listas de tudo. Mas o ano é um bom marco, talvez até porque a organização das nossas vidas se faz bastante bem de modo anual. E por isso confesso que começo a pensar nesta lista logo em Janeiro, isto para não deixar escapar algum disco para mim relevante, mas que se esqueceu por ter sido publicado nos primeiros meses do ano. Houve tempos em que eu publicava a lista dos melhores do ano. E agora? Acontece que é bastante injusto publicar uma lista dos melhores, até porque os discos que ouvi este ano podem não ser os melhores e muitos melhores terem-me passado ao lado. Por isso passei há uns anos a usar um critério: fazer a lista dos discos que de um modo ou de outro gostei e que foram os que mais companhia me fizeram, ou os que me soaram como mais ousados e criativos. Ocorre que ouço muitos discos que nem sequer aparecem na lista ...

Pensar o pós-modernismo? Não sendo pós-moderno

Durante muito tempo andei a ler textos que “desancavam” no pós-modernismo. E poucas vezes me apercebi que esses autores pouco mais faziam do que “dividir”. Alguns deles apresentam também uma versão rudimentar do pós-modernismo. Continuo a estar de acordo com a esmagadora maioria deles. De facto, essa cantiga de tudo reduzir a narrativas desconstrucionistas não acarreta consigo, em muitas áreas, desenvolvimentos por aí além interessantes. E no caso da ciência e filosofia o pós-modernismo talvez tenha representado nada mais do que um “atraso de vida”. E eu até concebo que se faça como eu (risos) e se venha para redes sociais impregnar os incautos com discursos relativamente vagos (os únicos quase possíveis de passar no crivo de uma instantânea rede social) acerca da falta de consistência no pós-modernismo. Mas não é à porrada que vamos avançar em terreno produtivo. Por isso meter-nos a pesquisar alguma informação é sempre uma boa ideia. Não para nos alistar numa qualquer corrente ideológ...

O mundo está a desabar. Mas a festa continua. Senhores e senhoras, meninos e meninas, bem vindos ao circo!

Este bem que podia ser o mote artístico para o regresso com mais uma peça de análise social a partir dos sons e da enciclopédia mesmo ali à mão de Kubik, o projeto sonoro e artístico de Victor Afonso, com sede na cidade da Guarda. Neste novo disco, tal como em todos os registos anteriores, há um lastro enorme de imagens sacadas ao cinema. Em sentido figurativo, claro. Mas a arte da samplagem parece ir mais às feiras do cinema do que dos livros ou dos discos, ainda que estas também não fiquem de fora da visita deste  novíssimo Circus Mundi Decadens . E antes que me esqueça: a capa do disco reflete copiosamente o seu conteúdo, ou pelo menos o título do disco. Há um palhaço que continua a festejar dentro de uma banheira mesmo ao lado do precipício onde dá azo à sua arte. O disco é todo ele assim. Bem, todo? Ok, há aqui elementos que são registos claramente biográficos, mais percetíveis para quem, como eu, conhece desde sempre o percurso do Victor. Esses elementos são audíveis na enorm...

Até que ponto NIck Cave é um criador único

  Valerá a pena comparar a vida de um artista com a sua obra? Em todos os estilos musicais, mais ou menos eruditos, aparecem artistas em que a sua vida se confunde com a sua obra. Na indústria pop muitas vezes acontece que a vida do artista acaba por ser mais relevante que a sua obra. É verdade que nos anos mais recentes Nick Cave se expõe como nunca, dando entrevistas, publicando livros de entrevistas, nas redes sociais, nos festivais internacionais de música, nos programas de TV, etc. Nick Cave passa a vida a falar de si e os media tem adorado essa exposição. Segue-se que umas boas doses de críticas a cada novo disco acabam por se centrar mais na sua vida do que na sua obra musical. Mas a certo ponto faz sentido que assim seja, pois, a obra de Cave é mesmo um reflexo direto, confirmado pelo próprio, das suas vivências, das suas relações com o mundo espiritual e material, da perda dos dois filhos, da dor e da redenção, da felicidade e da fé. A música aparece assim como o corolário...

A escola e a morte do estilo

Muitas vezes ouve-se falar que esta ou aquela disciplina na escola para nada serve. Também é frequente a opinião de que no mundo do trabalho as competências escolares não são as mais relevantes. E, mais radical ainda, se ouve falar que para a ciência e filosofia, as competências que se adquirem na escola não são as mais relevantes. Na verdade, as competências adquiridas na escola, desde tenra idade, são necessárias, mas insuficientes para qualquer atividade que não seja apenas a escola. E isto porque a escola ao desejar impor competências específicas, acaba a não saber lidar com uma circunstância de capital relevância na vida humana, o estilo. Esta é uma imperfeição do sistema com a qual mal sabemos lidar. Pior era a vida sem escola, mesmo com as suas inerentes limitações. Mas não devemos esquecer ao mesmo tempo que a escola passa imenso tempo a avaliar e classificar verdadeiras cagadas. Talvez isso explique que alunos com muitas boas notas nem sempre sejam os melhores nas mais diversa...

As escolhas do João Francisco - os melhores discos de 2023

Este ano ouvi várias músicas e albuns e fiquei a conhecer mais variedades de música.     1-HEROS & VILLAINS- publicado a 2 de dezembro de 2022 por Metro Boomin. Este álbum fica na primeira posição. Foi um dos álbuns que ouvi mais pois as músicas deste são do género hiphop (meu género de música favorito) muito calmo. As composições desta obra tem sempre uma batida tranquila e transmite uma boa  vibe .   2- For All The Dogs- Álbum criado em 6 de outubro deste ano por Drake. Como Drake foi um dos artistas que gostei mais de ouvir este ano é normal que este álbum está no top 4. Gosto das músicas porque transmitem uma vibe calma, tal como no disco do Boomin, mas a forma como ele canta é o que me impressiona mais.   3-Utopia- Criado a 28 de julho deste ano por Travis Scott. Travis também foi um dos artistas que eu ouvi mais, ficando ao lado do Drake. O que eu gostei mais deste álbum foi a maneira das músicas serem bastante animadas e boas para fazer exercício físi...